segunda-feira, 2 de agosto de 2010

As coisas.

A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro.
Um livro e em suas páginas a seca
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que nos fomos num momento.

Jorge Luis Borges.

3 comentários:

  1. Quanto tempo que não passo por aqui!
    Saudades de seus escritos.
    Está lindo o novo visual!
    Beeijos

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  2. Você escreve bem viu, parabéns não só pelo seus textos como seu blog é criativo.
    bjs!!!!! http://manuviverfeliz.blogspot.com/

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  3. São as coisas que marcam as vidas, pois associamo-las a sentimentos pessoas, tornar-se-á mais simples quando coisas simples nos complementam. O teu blog continua numa nostalgia bem sensível onde às vezes até somos recíprocos na forma de pensar e sentir

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